quinta-feira, 25 de agosto de 2011

"Fina Estampa"

      Uma mulher simples, que usa um macacão de serviços gerais, atende pelo apelido de “Pereirão” e sustenta a família fazendo pequenos bicos, descobre que o filho caçula, estudante de medicina, tem vergonha de apresentá-la como sua mãe. Ela descobre também que, depois de anos fazendo suas apostas diariamente, havia ganhado na loteria e que tudo pode mudar.
     Naquele momento surge o dilema: O que vale mais para um ser humano, a aparência ou o carácter? Essa é a discussão da nova novela da Globo.
     A “fina estampa” pode esconder uma grande crise de identidade, e na verdade, revela um pedido de ajuda: me aceitem, por favor! Mas mesmo aquele que se veste com os macacões da humildade e faz bico na vida, quer um dia aparecer na estica e ser, mesmo que por pouco tempo, o poderoso da vez, até mais do que o Todo-Poderoso.
     Essa vontade, de ser mais, fez Adão e Eva cair em pecado, quando desejaram ser iguais ao Criador. Acabaram na sarjeta e levaram toda a humanidade para a mais profunda crise existencial: A de ter vergonha da própria imagem e estar fadado a incansável busca por algo que possa disfarçar o que está no coração.
     A verdade é que diante de Deus as máscaras não funcionam, já que Ele enxerga até o mais oculto dos segredos e independente da “estampa”, não há como enganá-lo. O que ele enxerga no fundo do coração de cada pessoa é aquele pedido: Me aceite, por favor! E, por ser um Deus gracioso, que não se deixa influenciar pelas aparências, enviou o seu Filho, para devolver às pessoas a imagem perdida. É verdade que “ele não era bonito nem simpático, nem tinha beleza que chamasse a nossa atenção ou que nos agradasse” (Is 53.2b), mas o fato é que ele fez o trabalho que ninguém queria, ou melhor, ninguém podia fazer.
     Baseados na aparência até poderíamos suspeitar que ele deixou cair a máscara, e que a sua morte foi punição por algum crime que cometeu, mas “ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades” (Is 53.5). Ele morreu para devolver às pessoas o direito de serem aceitos por Deus.
     Ser aceito diante de Deus, portanto, não é uma questão de caráter nem de “estampa”, mas de ter alguém com imagem e vida impecável que se coloque em nosso lugar e nos faça crer que, por sua causa, somos filhos amados de Deus, de fato e de verdade.
(Rev. Clécio Leocir Schadech)

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